sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Entre cortinas...

*Por Nina, em uma manhã na cidade de Cabo Frio, RJ.



E foram os primeiros raios de Sol da manhã os responsáveis pelos olhos entreabertos meio a contragosto, meio inchados numa cidade praiana de um país que costumava conhecer. O frio do vento gelado que cortava a pele na noite anterior já nao fazia mais parte daquela rotina e agora dava espaço à invasão dourada que brincava com todos os tons do quarto, a cada choque de luz que entrava pela janela de cortinas rendadas.


Estirar o corpo entre os lençóis com cheiro de maresia e pressionar o travesseiro com o rosto na tentativa de pedir um convite mais àquela cama enorme, ocupada por um corpo tão pequeno, acostumado a encaixar-se tão bem entre os carinhos que agora faziam falta. Na tentativa de olhar para a luz do sol, os olhos castanhos sensíveis encontraram aquele lado... Lado vazio que vez ou outra tinha dono, um abraço caloroso e infinitas carícias já tão bem catalogadas e conhecidas.

A dança das cortinas fazia com que cada raio de sol tocasse em ritmo de Adagio a pele que já se havia livrado de lençóis e insistia em receber o abraço morno daquele dia de final de inverno, quase primavera. Porque não passar os dedos entre os fios também dourados do cabelo para relembrar de como ele fazia com ela? Eram tantos carinhos divididos em tantas categorias... Tantas pontas de dedos delineando sorrisos tímidos. 

O segundo contato visual com o lado vazio da cama trouxe lembranças... Dos momentos de carinho e de muitas pequenas grandes coisas que foram ditas entre noites e tardes de muitos "despertares" entre um sorriso e outro de boa noite. Ou de bom dia. Do desvio friamente calculado para alongar o corpo sem incomodar um ao outro, ou... Da laçada pelo braço definido dele que a convidava para um abraço impossível de escapar. Nesse momento se ocupava um espaço tão pequeno naquela cama tão grande...

Era possível sentir o perfume no fechar dos olhos, escutar o timbre de voz sempre suave que tecia, sempre entre mimos, um elogio ou uma afirmação cor lilás que a enchia de felicidade sempre que recordava. Desejou que ele estivesse alí, desejou aquele "bom dia, hermosa!" de sempre... Pensou como seria cruzar a linha do sono e do despertar com um beijo ao pé do ouvido, também de sempre. Imaginou que o Sol brilharia muito mais intensamente se tivesse despertado na presença dos dois e não somente da dela...

Percebeu que era saudade. 

Uma saudade Cordobesa. Belgranense. Uma saudade loira.




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